Para todo aquele que abraça as nuvens, sua maciez é um afago materno que o coração não esquece, o orvalho nas asas, o sol nas costas, a noite na alma…..
Então que estranho paradoxo repousa em um ser alado que não se sente livre? Parece que o tédio é um vírus humano que infecta até mesmo os anjos; queremos voar para dentro de nossas almas e não conseguimos, nem mesmo um objetivo se aninha em nossas antigas mentes, olhamos a imensidão da criação e nos sentimos irmãos dela, não por sua infinita beleza mas pela vastidão de nossa solidão mesmo quando estamos em miríades…
Devemos tudo isto à nossa ousadia, quando deixamos nossa curiosidade, anseio e avidez pelo sentido da existência se tornarem também aladas, elas voaram por lugares estranhos, lugares que nunca vimos, lugares que nos fizeram sentir a brisa de uma forma que nos leva a crer que a estamos sentindo pela primeira vez e, que pela primeira vez a novidade é sentida pelo coração de um anjo…
A partir disto, não raramente acontece algo inesperado pelos que existem, alguns poucos com o dom de nos ver ficam confusos ao notarem que boa parte do orvalho da manhã se forma com as lágrimas que derramamos muitas vezes sem nem mesmo entendermos o porquê.
Fevereiro de 2003.
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