Archive for julho, 1999
Da tenebrosidade obscura e úmida e fria e terrivelmente silenciosa formou-se um espanto no cubo escuro do meu espírito, sim, o que era inerte contemplou algo inédito, uma pequena chama ousou se pronunciar, profanando o caos ordenado.
Em escuridões como estas um foco puntiforme faz as vezes de um sol; mas era apenas uma vela; me aproximei atônito, meus olhos buscaram a luz como um sedento a beira da morte a um pouco d’água.
Lá estava ela, a chama dançante, pequeno espírito do fogo, fada ígnea que num bailado frenético cantava louvores ao Deus Altíssimo, dava para ver a luz que corria por suas veias luminosas.
E algo me iluminou como nunca até aquele instante, não foram suas veias, não foi a novidade; o que iluminou e estremeceu minha alma foi a felicidade, a pureza e a serenidade de seu sorriso.
À primeira vista vejo pessoas alegres ou tristes comportando-se como acham que decidiram. Mas observando bem, conheço a paisagem, não há novidade. O que vemos agora estamos cansados de ver e saber que é o que veremos amanhã, é por este motivo que inconscientemente evitamos fazer uma observação profunda do que vemos ou sentimos, analisamos superficialmente na esperança de acreditarmos que o observado é mais colorido, mais alegre…
Assim, os dias vão passando; sempre “novos” mas dando a sensação de serem os mesmos, assim não procuramos em melhorar, não temos coragem de nos encarar, dá medo, queremos ficar sozinhos, mas vamos ver a novela…
Um dia tudo acaba.