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Sou um amador / O que é solidão?

Posted by: Clodoilson

setembro 7th, 2010 >> Existencialista, Homenagens

O Homem sempre procura um bom meio de se atribular não é mesmo? Quando está só reclama da solidão, quando está se infernizando com milhares de pensamentos implora para ficar um pouco sozinho e ter paz. O engraçado é que as duas coisas parecem ser mentiras, quem realmente consegue com perfeição comunicar algo que está em seu coração? Quem nunca foi mal interpretado? Quem nunca passou horas tentando demonstrar um ponto de vista que não foi capturado?

De certa forma, cada consciência suporta o fardo de estar sozinha na maneira como percebe o mundo, algumas disfarçam esse terror ao tentarem pertencer aos grupos. Por outro lado, os grupos são importantes porque é em nossa interação com eles que podemos ver quem somos, em nossas reações, birras, mágoas, nossa lealdade, amizade, compaixão, é vivendo com os outros que revelamo-nos a nós mesmos, curiosamente, viver sozinho não nos mostra quem somos.

Ainda assim, como seria possível a solidão? Sempre trago comigo todos os meus amigos novos e antigos, Cilla, meus pais e os demais familiares, meus medos, dúvidas, a lembrança de ontem, sonhos, falhas, virtudes, conhecimento e toda a minha vasta ignorância, sobretudo do que ignoro; para ficar sem tudo isso só mesmo com alguma prática meditativa que não é possível senão por momentos, aliás, necessários tanto quando os momentos em grupo.

Em minhas solidões e convivências tornei-me bom em algumas coisas pelas quais até já me chamaram de “mestre” e, construí castelos seguros com tijolos de comodidade, mas aí vem a vida e derruba tudo, que terrível! Que maravilhoso! Agora estou, como muitas outras vezes estive, engatinhando novamente, um completo amador, muitas vezes solitário, mas sempre acompanhado. Não sei como agir, pergunto aos colegas, balbucio em dúvida, vacilo e finalmente acabo fazendo o que tem que ser feito; assim amadureço, novamente aprendo que sou apenas um aluno, só mudei de classe, é sempre assim.

Finalmente encontrei um lugar onde não se sentir seguro é algo louvável, é virtude dos longevos, é lição dos mais antigos. A inconstância do cotidiano por aqui parece ser mais condizente com o que é a vida: ela é a descoberta nos olhos dos amadores, a cautela do curioso cientista, o mundo sempre novo nos olhos das crianças.

Hoje sei que sou apenas um amador, mestre em seguir em frente apesar das inseguranças, com sorte me tornarei um bom profissional, daqueles que conseguem guardar em seus corações a certeza de que é preciso sempre estar atento e sentir o medo dos principiantes, que conseguem ser humildes para admitir que não se tornaram mestres e precisam se atualizar sempre, sempre aprendendo, como um amador expert.

Aos profissionais que me ensinam isso diariamente, muito obrigado.

Clodoilson Ferreira Lemos 07/09/2010.

Saudades

Posted by: Clodoilson

novembro 6th, 2008 >> Existencialista

Saudades do tempo em que eu nem a sentia, pois todos éramos tão juntos e o mundo era tão pequeno que não havia espaço nem tempo para se sentir saudades.

Meus amigos estavam sempre perto de mim, invadindo minha casa, minha intimidade, minha privacidade, tudo tão divertidamente desordenado que hoje me deixa saudades…

Minha família embora nem toda junta, sempre se juntava; eram ocasiões de ansiedade aquelas datas marcadas no calendário, estávamos sempre juntos quando olhávamos os álbuns de família, nesse tempo sentíamos mais fortemente um vínculo a nos unir, só hoje sei que nos unia porque a testemunha disso é a saudade…

Meu amor estava sempre diante dos meus olhos, aquela garota da escola, aquela menina da rua ou da outra rua, aquela amiga da amiga que por mais distante que estivesse jamais seria a mais de meia hora de um coletivo, tenho saudades de todos os meus amores, deles e de mim mesmo quando os amava, porque mesmo quando sofria, brilhava…

Tudo naquele tempo era motivo para poema, uma raiva, uma tristeza, um amor, uma alegria, uma desventura, um desabafo… ai que saudades da musa! Ah a musa, meu Deus! Por onde anda a musa?! Tantas saudades dela que sempre me visitava e praticamente me obrigava a vomitar tudo que tinha jogado dentro de mim, que tinha me inspirado, que tinha semeado em meu coração e, que ao final, sempre pedia de volta com algum lucro, sim, pois a musa é algo como que capitalista e só agora na saudade dela o percebo. Para a musa, quem não dá lucro não merece investimento, os avaros que não dividem seus dons, não os aplicam no próximo para que igualmente dêem frutos, esses logo ficam amargos ou completamente sem ela.

Mesmo assim a musa é sazonal, forçar a colheita dá maus frutos por aqui, melhor é esperar, pois quando chega, vem com ventos de inspiração, montada num novo amor, nova conquista, uma dor diferente ou simplesmente em cavalos abstratos e brancos como este que se chama saudade.

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